segunda-feira, janeiro 11, 2010

Filmes criam um novo olhar


Jornal do Brasil - RJ, Solange Lima, 03/03/2009

Boom do documentário não acontece só no Brasil. A América Latina também está focada no gênero

O crescimento notório do festival É Tudo Verdade só reforça a importância que o cinema de documentário conquistou. O Brasil inteiro tem criado um outro olhar para esta forma de se fazer filmes, que está se multiplicando cada vez mais pelo país. Diria que está virando uma febre. É uma forma de recuperar a nossa história, assim como acontece no resto do mundo. No próximo dia 24, em Roraima, acontece o Festival Internacional de Documentários, que vai dar boa visibilidade internacional para a produção brasileira, ao mesmo tempo em que nos aproxima do que se tem feito em países vizinhos, como o Chile ou a Venezuela.

O documentário tem focos em todo o Brasil. Venho mapeando os estados brasileiros e descobri que até nos recantos mais distantes, em áreas onde não se imaginava, no Tocantins, Piauí ou Acre, tem muita gente trabalhando com documentário, em película ou no formato digital. O crescimento do documentário tem a ver com a recuperação da cidadania, na medida em que registra e perpetua a história de um município, de um estado, de um país. E está realmente havendo um despertar por parte dos cineastas pela história de seus lugares de origem.

E esse boom do documentário não acontece só no Brasil. A América Latina também está focada no gênero. No ano passado, participei do primeiro encontro internacional da América Latina, em Caracas. Vi vários filmes muito interessantes. Em 2009 o evento acontece novamente, desta vez no Equador, e em 2010 será sediado pelo Brasil. Em abril deste ano vai acontecer outro encontro, na Argentina. Tudo isso vai fortalecer a distribuição internacional desse material - algo essencial, já que boa parte do que é produzido não é exibido.

Se houver uma política direcionada, promovendo mais eventos, mais debates e a criação de mais salas de exibição digital, acredito que o documentário consiga superar os filmes de ficção em termos de visibilidade e interesse por parte do público. Um exemplo disso foi uma cena que vi em São Paulo, que aborda outro lado da questão: a pirataria. Deparei-me com uma banca de DVDs piratas especializada em documentários, chamada ‘banquinha cult’. Se por um lado é um alerta para as associações de direitos autorais, por outro este fato indica o quanto os documentários já caíram no gosto popular.

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