sábado, janeiro 03, 2009

O cinema digital: uma transfiguração do real?

Por Inês Gil
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

A técnica digital, que hoje faz parte integrante da imagem cinematográfica, limita-se na maior parte dos casos em produzir efeitos que inibem a narrativa. Sedutores para o olhar, a indústria usa-os ao máximo, reduzindo o cinema a um espectáculo, facilmente consumido, rapidamente assimilado e que se torna aditivo como qualquer produto artificial. Como Manovich o analisou, a evolução do cinema a partir da técnica digital tende para um novo media como, por exemplo, no caso de Time Code, realizado por Mike Figgis em 2000. Time Code organiza-se a partir de uma montagem espacial de quatro planos sequência simultâneos; de um sistema de câmaras que se assemelha às câmaras de vigilância; de vários pontos de vista, muito utilizados nos jogos de computador (Manovich, 2001). Não há dúvida que o cinema está a transformar-se, misturando técnicas experimentais com técnicas clássicas. E se a representação do real evolui com a técnica digital, os efeitos criados seguem as regras do cinema clássico: o espectador deve poder acreditar na sua existência e identificar-se com a narrativa (Manovich, 2001). Por isso, a transfiguração do cinema não se encontra no cinema digital “clássico” mas é no cinema analógico que ela se revela, na película tradicional de registo da realidade.

Leia na integra: http://www.bocc.ubi.pt/pag/gil-ines-cinema-digital-transfiguracao-real.pdf

Fonte: http://www2.eptic.com.br/eptic_es/