Festival Curta Cinema completa 20 anos e inspira um debate sobre a produção do formato
Plantão | Publicada em 28/10/2010 às 08h26m
André MirandaRIO - Os mais jovens que vivem assistindo a filmes em sites como YouTube, Vimeo ou Porta Curtas nem devem se lembrar. Mas, por cerca de dez anos, uma lei obrigou que curtas-metragens nacionais fossem exibidos nos cinemas antes de longas-metragens estrangeiros. A chamada Lei do Curta foi inviabilizada em 1990 pelo governo de Fernando Collor de Mello, que extinguiu antigos órgãos federais de cinema, deixando órfãos cineastas que encontravam no formato uma maneira de experimentação ou simplesmente de contar uma história de duração mais breve. Meses depois, não por coincidência, nasceu o Curta Cinema - Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro.
O Curta Cinema abre sua 20ª edição nesta quinta, com uma sessão fechada para convidados, e segue de sexta ao dia 7 de novembro exibindo filmes em quatro salas cariocas: Cine Odeon, Caixa Cultural, Oi Futuro Ipanema e Ponto Cine. De 1990 para cá, muita coisa está diferente não apenas no festival, mas também na realização de curtas-metragens no Brasil. O primeiro Curta Cinema tinha apenas 12 filmes, enquanto o deste ano reúne cerca de 400, uma prova de como o barateamento das produções em digital facilitou a vida dos realizadores.
- A relação da produção do curta mudou bastante - afirma Ailton Franco Jr., diretor do Curta Cinema. - Naquela época, você tinha uma produção que ia às telas, aproveitando a lei. Hoje, pelas quase 700 inscrições que a gente recebe, percebemos que o curta funciona mais como um exercício, tanto profissional, quanto de linguagem. Fazer um curta é mais barato, e ele não fica mais restrito às salas. Pode estar na internet, no celular ou em galerias de arte. Pode ser exibido em qualquer lugar. Realmente, há 20 anos, os sites de compartilhamento de vídeos eram apenas um sonho de poucos visionários, ainda distante do mundo real. O popular YouTube surgiu em 2005, o reservado Vimeo em 2004, e o Porta Curtas, um site brasileiro dedicado a curtas-metragens, em 2002. Exibir vídeos em celular, então, era impensável - aliás, quem tinha celular há 20 anos?
- A gente tem um problema no cinema brasileiro: são poucas salas e pouco público para os filmes. Mas, na internet, é possível inverter essa relação. O filme pode ser visto a qualquer hora e a audiência pode ser simultânea em qualquer lugar. Amplia-se o acesso de forma absurda - diz Vanessa Souza, coordenadora do Porta Curtas.
- A gente tem um problema no cinema brasileiro: são poucas salas e pouco público para os filmes. Mas, na internet, é possível inverter essa relação. O filme pode ser visto a qualquer hora e a audiência pode ser simultânea em qualquer lugar. Amplia-se o acesso de forma absurda - diz Vanessa Souza, coordenadora do Porta Curtas.
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